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segunda-feira, 16 de março de 2009

Colhões - Parte III

Leia: Parte I e Parte II

Batista’s Bar

Assim que chegamos na cidade pedimos informação sobre algum bar legal que pudesse estar aberto àquela hora. A confusão no posto da entrada da cidade tirou nossa fome, no caso de Júlio César nos dois sentidos, mas continuávamos com sede.
Eu gosto de cidades pequenas, as pessoas não tem medo de serem paradas nas ruas por estranhos, algumas até chegam ao cúmulo de serem gentis. Sabe, o índice de criminalidade em cidades assim é vergonhosamente baixo, então, ter medo do quê? E quando uma gorda carregando um carrinho de verduras fez cara feia e disse que não sabia onde encontrar um bar aberto, provavelmente ela estava sendo sincera, afinal, não é como perguntar onde ficava a igreja. Reavaliamos nossos critérios e fomos pedir, pela derradeira vez, informação a um grupo de velhinhos aposentados que passavam toda manhã jogando gamão no calçadão da cidade.
Os bons velhinhos nos indicaram detalhadamente o caminho mais curto para a felicidade, era uma espelunca localizada no porão do museu da cidade. O que se via era um bar de ressaca. Um trapo velho debruçado podre de bêbado sobre o balcão, provavelmente um resquício da noite anterior e um grupinho fútil de garotos mimados fazendo tempo, matando aula. Essa era a clientela do bar àquela hora. Bem vindo ao Batista’s Bar.
Júlio Cézar sentou junto ao balcão e já foi logo destilando sua inigualável capacidade de deturpação:
__ Porque Batista’s? Sabe. Isso deixa o bar com cara de puteiro. Cara, eu juro que quando abri a porta imaginei que teria uma stripper bêbada no pool dance, uma ou duas putas chapadas caindo pelas tabelas e um gaúcho pelado investindo contra a porta do banheiro enquanto o traveco que deveria servir as bebidas se masturbava atrás do balcão.
__ Traveco?
__ É. Tipo, barman não tem sexo!
__ Ah... mas...
O taberneiro que não parecia ser dado a viadagens não demorou a entrar na discussão nos ameaçando com um porrete imenso também conhecido como Pé de Cajarana. Respeitadíssimo. Então JC cogitou se essa era a exceção que provava a regra.
Enfim, antes que as coisas se complicassem como aconteceu lá no posto de gasolina eu resolvi pedir logo as bebidas e ir me sentar em uma das mesas do salão, distante o bastante de qualquer encrenca. Felizmente J.C entendeu a idéia e me acompanhou. O nome do bar, descobriu-se depois, era uma piada de duplo sentido com a cerveja batizada, porém o Whisky Johnny Walker estava agradabilíssimo, depois da segunda dose já éramos completamente amigos do garçom, Seu Batista. Ele até negou veemente às acusações - agora de pansexualidade - de JC. Se bem que quando era piá...
Nada demais, esse foi mesmo um capitulo tranqüilo.

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