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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Banditismo por uma questão de classe

Um segmento de cinema que eu adoro e que é amplamente ignorado são os curtas-metragens. A arte de contar uma história em poucos minutos não é para qualquer um e prova disso é que grandes diretores – os melhores – iniciaram com curtas. O que dizer então dos mini curtas, filmes de 60 segundos em média, menores do que muitos comerciais de cerveja.
Talento e boas idéias valem mais do que tempo e espaço, mas não são melhor remunerados. Embora pareça paradoxo, é na verdade muito lógico. A fórmula dos curtas é completamente diferente dos longas-metragens habituais. Um curta não é apenas um filme pequeno. Muito pelo contrário, há inovação, experimentalismo (porque não?) e há também muita liberdade artística e pouca restrição comercial já que não são fenômenos de público e não o são pelos mesmos motivos. O circulo fecha.
Ontem tive o prazer de assistir na televisão (RBS, sorry gringos) Ilha das Flores, dirigido por Jorge Furtado (eu não disse!) 20 anos atrás é um dos curtas-metragens brasileiros mais importantes e premiados da história.
Com uma genialidade arrebatadora traça a trajetória de um simples tomate. Sim, um tomate. Plantio, colheita, mercado, consumo e lixão, esse é o roteiro seguido pelo inócuo fruto (pouca gente sabe, mas o tomate é um fruto e não um legume). Engano seu se você achou pouco, é uma verdadeira odisséia. As vezes cômica, as vezes sofrida, mas sempre irônica.
O curta conta com algumas animações cartunescas vide Monty Python (aquelas montagens de imagens comum nos filmes da trupe inglesa) e um roteiro afinado do próprio Jorge Furtado. A união desses ingredientes enfeita a obra que é um verdadeiro soco no estômago em forma de documentário atingindo em cheio o mecanismo da sociedade capitalista com seu desnível social desumano. Mas não pense que o filme faz drama, ele é muito imparcial, ficando por sua conta e risco chorar ou dar risada.
Na abertura do filme, a primeira pérola das muitas que viriam a seguir: “Este não é um filme de ficção. Existe um lugar chamado Ilha das Flores. Deus não existe.”

1 Comentários:

Anônimo disse...

Legumes também são frutos. A diferença é que são frutos secos, e não carnosos como o tomate.
Fruto é uma capsula que armazena as sementes da planta. Algumas frutas não são frutos. A maçã é um pseudo-fruto, o morango e a amora são infrutescências porque são vários pequenos frutos que parecem ser um fruto maior.
Legume é apenas o fruto das leguminosas, entre as leguminosas famosas temos a ervilha, o feijão, a soja e vários outros que frutifiquem vagens.
Apesar da discussão inútil, baaita texto!