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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Vide Bula

As discussões sobre a legalização ou descriminalização da maconha, hoje tão curiosamente presentes nas mais diversas esferas sociais, tiveram seu inicio (assim creio) no exato momento em que esta foi proibida, numa atitude taxativa, antidemocrática e talvez até segregadora. Mas, saber por que a maconha foi proibida não responde por que ela continua o sendo. Para pensar essa questão é preciso adotar um senso critico destituído de pessoalidade, até mesmo porque, da outra maneira nossos políticos já o fizeram.

A análise racional da proibição e/ou legalização da maconha dispensa assim critérios subjetivos ditados por preconceitos culturais, juízos de valores, estereótipos clichês, respostas fáceis, novelas globais e, principalmente, dogmas religiosos (afinal, não podemos nos deixar influenciar pela alegação de que a erva é do diabo, se não houve nem mesmo flagrante apreensão). Além do mais, é preciso lembrar que toda teorização sobre o tema parte da visão de mundo incompleta de quem vive o presente - onde a maconha é proibida, onde a demanda não diminui, onde o mercado ilegal supre sua oferta, onde a violência dá suporte ao tráfico, onde a policia presta um desserviço ao cidadão, onde um ganha e outro perde -, não podendo haver contanto consenso cientifico que auxilie completamente a tomada de decisão, e sim, a mera sugestão de cenários hipotéticos.

Parece muito barulho por nada, mas a verdade é que os tempos mudaram, tanto pra quem é contra quanto pra quem é a favor de mudanças. No âmbito sócio tecnológico, a democratização do conhecimento possibilitou a dissecação de temas antes tabus e a interação multimídia inventou o cidadão proativo. Em consequência dessas mudanças, paradigmas já tradicionalmente contestados ganham a urgência e intensidade do virtual. A civilização, num sentido de ordem evolutiva, busca agora, através dos meios possíveis, a resolução dos males sociais criados por politicas públicas equivocadas, numa, porque não dizer, terapia das politicas públicas passadas.

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