Engraçado, foi preciso alguém irromper minha soberania para que eu por um perplexo instante notasse o circo que me cerca. São pequenos adesivos, bandeiras e outdoors, os “santinhos” lotam a caixa de correspondência, carros-propaganda poluem a cidade entoando seus hinos e mimos baratos, é evidente - eu não nego – que são as eleições, pão e circo, mas desta vez pequenas migalhas não me interessam.
Nas últimas eleições eu estava ansioso, pronto para cumprir meu dever de cidadão, avaliei os candidatos e suas propostas em busca da melhor opção (igualzinho ensinam na TV “voto consciente”), mas o que resta é desgosto. Antes eu sabia - ou ao menos achava que sabia - o que era certo, agora é difícil até dizer exatamente qual lado é direita e qual lado é esquerda, talvez agora a esquerda é que seja de direita, enquanto a direita permanece sendo direita, uma direita com o acrescento do termo “liberal” (algo que me lembra a política da igreja católica), enfim, a duvida persiste, vivemos em eterna metamorfose, o que nos era precioso ontem, hoje é só memória velha, talvez até tempo perdido.
Eu ando meio desacreditado com a humanidade, acho até improvável uma reconciliação, na verdade eu também não tenho feito porra nenhuma pela nação, portanto nem deveria estar cobrando nada dela, mas o que posso mesmo fazer se não observar as coisas virarem história enquanto martelo minha parcela de culpa.
“Fiquem tranqüilas as autoridades. No Brasil jamais vai haverá epidemia de cólera. Nosso povo morre é de passividade.” – Millôr Fernandes
1 Comentários:
A impressão que eu tenho da politica na minha cidade é que o prefeito ficou coçando o saco os três primeiros anos e na hora da reeleição mandou pavimentar tudo. Afinal ninguém sabe do que é feito chão.
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