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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Morte ao ego

As vezes peco por autenticidade. Tento inutilmente fugir dos lugares comuns, evitar os clichês, ser eu mesmo, e pra quê? Esse esforço expressivo nunca é reconhecido com bons olhos, e pode ser até muito mal entendido. Além do mais, toda socialização é um campo minado de modelos comportamentais. Como evitá-los? A comunicação humana é complexa como um labirinto. Existem por sorte caminhos pré-determinados a seguir. Pra que inventar e ir às escuras? A previsibilidade é a regra, o caminho mais curto do ponto A ao ponto B. A ironia é que, assim colocado, inovações sócio-comportamentais só podem partir de indivíduos insociáveis. Mas afinal de contas, pra que essa necessidade de se afirmar enquanto indivíduo, construir uma identidade própria? O que sou eu se não a soma das experiências culturais, racionais e emocionais absorvidas pela carga genética? Eu só interesso para mim mesmo. À coletividade pouco importa o indivíduo, à coletividade só o coletivo importa. A busca por identidade é uma busca egocêntrica, a definição e consagração da individualidade um ato narcisista. As vezes peco por autenticidade e isso também é bem clichê.

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