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domingo, 1 de junho de 2008

O caminho sem fim pela estrada dos tijolos amarelos


Era pequena a insistência, mas grande a determinação e não foi muito para que fosse o bastante, quando eu vi, oh tarde demais, já marchávamos, meu pequeno grande amigo Julio Cezar e eu, rumo a mais nova casa de tolerância da cidade.
Julio Cezar devido a sua limitação de tamanho e grandeza de espírito bancou a jornada com os R$ 49,57 que recebeu de seguro desemprego após trabalhar por infinitas duas semanas e três horas como garoto propaganda da churrascaria do alemão em uma incomoda fantasia de costela assada. Esse desejo de J.C por conhecer a nova casa explica-se pela incompreensão do sexo oposto quanto a sua aperfeiçoada técnica de sexo tântrico chegando a controlar o orgasmo por longínquas três horas, havendo inclusive relatos de que ele teria pegado no sono durante a relação sexual, mas isso é só especulação e ninguém sabe ao certo, nem mesmo ele.
Partimos no táxi mais ridículo de toda frota, uma Belina laranja com as calotas douradas, o taxista era um gordo calvo e bigodudo que usava uma camisa estranhamente fosforescente que iluminava todo interior do carro. No caminho ele nos contou que Elvis não morreu.
_ Sei.
_ Não, é sério!
A verdade é que um telefonema anônimo o alertou sobre o perigo que ele corria então o Elvinho resolveu simular a própria morte. Vocês não ligam de eu o chamar de Elvinho? Sabe como é que é, tenho intimidade com o homem.
_ Que perigo era esse? _ perguntei.
_ Não sei...
_ (?) Certo.
_ Tu não tá acreditando né? Tudo bem, ninguém acredita mesmo, mas dá uma olhada nisso aqui. _ ele abriu o porta luvas, procurou por um momento, depois retirou orgulhoso um lenço de papel – provavelmente já usado – onde estava rabiscada ilegivelmente uma assinatura, poderia ser Elvis Presley, mas poderia ser qualquer outra coisa também. _ Foi em maio de 96, lembro como se fosse hoje, eu estava de férias com a minha família no parque do Beto Carrero, sabe...
ele tá na pior agora, ganha a vida sendo cover dele mesmo. É uma lástima, uma puta lástima.
Chegamos! São treze pila.
_ O quê?
_ Bandeira 2 meu amigo. Essa hora né.
_ Não, tudo bem. _ paguei.
_ Mas que cú de lugar é esse? Não tem nada aqui. _ observou J.C quando saiu do táxi.
_ Ah, vocês não ficaram sabendo?
_ Não?
_ O pessoal do bairro fecha a entrada depois das oito horas, ninguém entra ninguém sai. Segurança sabe? Tem as outras facções e tudo.
_ Como assim, que merda é essa?
_ Porquê tu não avisou isso antes?
_ E como eu ia saber que vocês não sabiam.
_ Porra. _ J.C fumava dois cigarros ao mesmo tempo e já ia acendendo um terceiro
_ E agora? _ perguntei ao taxista.
Ele estendeu um demorado olhar ao horizonte negro e então respondeu:
_ Te fode! _ antes que reagíssemos ele arrancou e nos deixou comendo poeira.
_ Que filho da pu... _ mas não foi longe e a Belina apagou.
_ Mas que merda!
Hei gente boa! Eu tava brincando né. Acharam mesmo que eu ia deixar vocês? É só dar uma mãozinha aqui que eu levo vocês.
_ Um gozador.
_ É, eu também.
_ ?

1 Comentários:

Edu Neves disse...

There are several doors, but only one will take you to the world of peace and love! Get acquainted with the Food of Faith!
God bless.